sábado, 22 de novembro de 2014

Não Vá Para Casa Sem Mim

       Eu estava aqui pensando e me dei conta de que ele faz parte de 95% dos meus pensamentos. Notei que é nele que eu penso quando me sinto mal, quando me sinto bem, quando sinto. Eu simplesmente não consigo deixá-lo longe por muito tempo. Ele está presente em cada verso meu, em cada sílaba, em cada letra. Ele sempre acaba no meu pensamento, de um jeito ou de outro. Mas, pensando bem, não me convém escrever tudo na terceira pessoa do singular. Ele é minha primeira pessoa singular, não "do singular" - porque seria impossível -, mas ele é minha pessoa singular, mesmo que soe redundante.
       Você me faz um bem danado e eu, às vezes, custo à acreditar que você me aguenta tanto. Eu sei como posso ser chata, rude e tudo o mais. Mas você ainda está aqui e pretende ficar... Eu pretendo que fique. Porque pra mim já não faz mais sentido estar longe de você, não faz sentido não te olhar, não te tocar, não te abraçar, não te amar. Não faz sentido te perder.
       Você faz eu me sentir viva. E fazia tanto tempo que eu não me sentia assim. Você me faz ter vontade de continuar, me prende aqui como ninguém, porque eu já não tinha motivos. Mas você apareceu e tudo mudou de cor. Eu não me sentia como me sinto agora - sei que isso é óbvio, mas preciso enfatizar. Cada pedacinho meu que foi quebrado está voltando pra mim, só porque você faz com que isso aconteça, você "meio que cura" meus ferimentos. E isso não dá pra negar ou sequer esconder.
       Com você, eu me sinto livre, talvez até poderosa. Eu posso ser quem eu sou, porque você me conhece e gosta disso - e ama isso -, você me mostra como ser melhor, me ajuda. Eu sinto que finalmente alguém se importa de verdade - o suficiente. Porque com você eu posso alçar voo. Eu posso ser real. E mesmo o lado ruim ameniza com você por perto. Isso não é magia, mas bem que parece - já que eu não sei o que é exatamente. Será que o que dizem sobre o amor é verdade? Dizem que a gente muda quando ama. Deve ser isso. Meu amor por você. Seu amor por mim.
       Correndo o risco de ser a romântica exacerbada que sou, escrevo tudo isso. E escrevo músicas sobre você. E poemas. E frases. E parágrafos. E o que mais der. Porque você vale cada letra que eu escrevo, cada verso que recito e cada nota que eu canto. Mas às vezes encontro músicas que não são minhas, mas bem que poderiam ser, de tanto que me lembram você, de tanto que dizem o que eu penso, o que eu gostaria de dizer. São palavras que eu ainda não havia encontrado. São palavras que eu não disse. São versos que não são meus... Mas bem que poderiam ser.


- Eu te amo, meu Mar.

domingo, 16 de novembro de 2014

Meu Mar

Eu te poetizo pra poder transbordar
O que visualizo nesse teu compassar
E te faço mar, meu Mar

E eu te musico pra poder cantar
Parece esquisito, mas é acalentar
E te tenho mar, meu Mar

Eu te sonho tão lindo que me faz delirar
Eu te abraço dormindo pra poder acordar
E te faço mar, meu Mar

E eu te toco e isso me faz imaginar
Que és meu foco e posso, então, realizar
E te tenho mar, meu Mar

domingo, 9 de novembro de 2014

Mais Nada

       Sentir-se só dilacera. Não importa quantas pessoas estejam à sua volta, você continua só e perdido. Sentir-se só deveria ter um manual, cujo você leiria quando a solidão batesse como onda e você não soubesse o que fazer. Ao invés de enterrar a cara na areia, você poderia alçar voo. Quem dera fosse simples assim.
       Quando a multidão se faz sumir, não existe mais saída inconsciente. Você precisa olhar adiante e se mover. Precisa fazer isso por si mesmo, porque ninguém vai te mover mais do que você. E mesmo que alguém te ajude, isso é apenas metade do caminho, é você quem desmascara o final, quiçá um recomeço.
       De repente, vem o torpor. Isso te carrega para o fundo de um oceano de emoções que você não sabe lidar, mas precisa. Entorpecido, então, você tenta chegar à margem e isso te faz sentir um pingo de vida. Pode ser que seja o suficiente, pode ser que não seja.
       Você nada, nada, nada... E nada. É assim. Vira uma metáfora da vida, pois deixa de ser literal. Já cansou de estar na margem para nada e volta ao fundo. Não adianta mais tentar. Porém, do nada - assim como você -, surge um "algo" que te puxa de volta para a margem e te carrega até a costa. E é isso o que te salva de afogar-se em sentimentos exacerbados.

domingo, 2 de novembro de 2014

Para o Irmão que Ainda Vou Conhecer

       É errado sentir inveja de alguém que conseguiu o que você queria? Quer dizer, não que eu não fique feliz em ver que alguém encontrou uma irmã que nem sabia que existia, eu amo ver esse tipo de coisa, amo saber que as pessoas têm essa possibilidade, amo saber que pessoas se encontram mundo afora. Mas eu queria ter o meu momento também.

       "Desculpe-me por não tê-lo encontrado. Eu juro que tentei e que não desisti. Juro que não vou desistir. Eu nem sei se você sabe que eu existo, não sei se quer me conhecer, não sei se ainda está nesse mundo (Deus queira que esteja). Eu quero poder te abraçar. Falta um pedaço em mim. Falta esse pedaço a dezenove anos.
      Deus me ajude a poder te ver pessoalmente e que eu possa dizer o que eu sempre quis. Que eu possa sentar ao teu lado e te pagar o primeiro café de muitos - se você não gostar de café pode ser chá, suco, leite, milk shake, você decide.
       Eu sei que deveria tentar mais, mas quero que entenda que posso machucar pessoas no caminho. E apesar de estar disposta a lutar por você, eu preciso evitar um novo desastre. Quero tanto que você olhe pra mim e me aceite em sua vida, quero que tenha orgulho de mim e quero ter orgulho de você. Quero te contar tudo o que já aconteceu na minha vida e quero saber tudo sobre você.
       Por agora eu respeito decisões em casa, mas eu juro, meu irmão, eu vou te ver um dia. E se você não me quiser, pelo menos vai saber que existo, vai saber que eu te amo independente de tudo, vai saber que eu quero ser a melhor irmã do mundo pra você. Desculpe-me pela demora, mas isso não reflete o que sinto."

Fingir Tão Completamente

       Comecei a vida me expressando normalmente, quando me cabia dentro do contexto. Depois comecei a me expressar em excesso, então notei o que isso causava. Enfim, passei a me expressar cada vez menos. Mas tudo isso pareceu tão rápido que sequer me lembro da última vez em que fui tão expressiva em anos. Recordo-me mais de sentimentos recentes.
       Não deveria ser tão complicado falar sobre sentimentos, mas pra mim isso é uma tortura, independente do que estou sentindo e da intensidade. Minha garganta se fecha, minhas mãos tremem, surge a vontade de um choro copioso, meu estômago revira e meu cérebro se confunde com as palavras. Eu quero falar e até tento, mas algo dentro de mim - algo que está aqui dentro desde quase sempre - não me deixa falar.
       Mas aí, eu encontrei você. Não! Você me encontrou. Olhou nos meus olhos, me aconchegou em seus braços, me viu no exato momento em que eu não deixava que ninguém me visse. E naquele momento, um sentimento de vergonha tomou conta de mim. Eu não sabia onde me esconder, a não ser dentro de mim mesma. Porém, você não permitiu que isso acontecesse. Você adentrou meus pensamentos e medos, já sabe quase tudo de mim. Só não tem ideia do quanto isso me assusta.
       Eu sei que meus pensamentos funcionam diferente e você compreende isso ao invés de me repreender. Por isso, quando estou triste e você está por perto, ou eu me viro para o lado oposto, pra que você não precise ver aquela cena deprimente outra vez, ou eu simplesmente me aninho no teu abraço e fecho os olhos. Porque isso parece melhor do que fingir ou morrer.

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
- Fernando Pessoa