terça-feira, 31 de março de 2015

FEMINISMO, QUEM?

       No dicionário, feminismo tem a seguinte definição: "Movimento favorável à equiparação dos direitos civis e políticos da mulher aos homens." Mas quando nós nos deparamos com o mundo de hoje, poucas pessoas que se consideram feministas - sendo homem ou mulher - têm essa ideia de feminismo. A maioria das pessoas pensam que o feminismo prega que a mulher deve ser mais que o homem e esquece que o homem também é atingido pelo machismo predominante no mundo.
       Vemos na internet e nas demais mídias que a mulher é quem deve mandar e que não deve ser submissa ao seu homem e que o mesmo deve respeitá-la. Mas poucas vezes vemos por aí alguém dizendo que o homem também não pode ser submisso e que merece respeito. Isso não deixa de ser um pensamento machista. Se a mulher tem direito, os homens também têm. E esse é o ponto: nós dividimos esses direitos em gênero como se não fôssemos todos, simplesmente, humanos.
       Primeiro a mulher: sim, ela tem que ser respeitada! E ela é capaz de comandar uma empresa, um país, a própria casa, a economia da família ou demais economias. Ela pode escolher o que vestir e o que falar sem ter medo de ser repreendida e tem o direito de decidir o que fazer com o próprio corpo. Ela pode ser dona de casa, mãe, frentista, bancária, mecânica, modelo e o que mais ela quiser. Ela pode tudo o que é possível.
       Primeiro o homem: primeiro também porque nenhum é menos importante que o outro. Primeiro, porque ele pode ser e fazer tudo o que foi dito das mulheres. Ele pode ser dono de casa, cuidar de uma empresa, ser presidente de um país, ele pode ser pai, ser modelo, professor, faxineiro, nutricionista e o que mais ele quiser.
       Essa divisão de gêneros é tão ilógica que quando colocamos no papel nos damos conta do quão machistas e hipócritas somos. Nós somos os primeiros a apontar o dedo para o rapaz de camisa cor de rosa, ou para a garota com uma camiseta de super heroi. Somos os primeiros a dizer para os garotos que convivem conosco que eles não podem chorar em público porque ficam parecendo "menininhas". Somos aqueles que dizem para meninas comerem direito e usar salto alto porque é mais "feminino". Somos os primeiros a aderir o machismo como ideologia enfincada sem que percebamos. Isso tem que parar.
       Dizer a um menino que ele não pode chorar ou que a camisa cor de rosa o faz parecer "feminino" é inaceitável! Dizer à uma menina que ela precisa colocar um salto e maquiagem para "ser mulher" é ridículo! Ao longo dos tempos, nós causamos idas ao psicólogo nos casos mais leves e nos mais pesados, causamos suicídios. Nós somos um perigo para o presente e para o futuro da sociedade assim como fomos no passado. Não é feio um menino chorar, não é feio uma garota sem salto. Feia é a sociedade. Feias são as nossas atitudes.


Deixo o discurso da Emma Watson para a ONU, falando sobre a campanha HeForShe:

segunda-feira, 16 de março de 2015

Sintomático

       É anormal chorar a noite inteira e acordar vazia? Na noite passada eu estava amedrontada, queria gritar, sentia meu coração saindo do peito, mas isso acontece quase todas as noites. Então por que seria anormal? Aliás, o que é normal? Eu nem sei se me encaixo na definição de "normal".
      Será que conversar sozinha é normal? Será que mandar a si mesma calar a boca, ou as vozes em sua cabeça, é normal? Ver sombras o tempo todo e sentir medo delas é normal? Chorar do nada, ou por tudo é normal? Não conseguir fechar os olhos porque tem medo de ter pesadelos é normal? Sentir medo de si mesma é normal? Olhar pra dento de si mesma e tentar se convencer de que você não é um monstro é normal? isso é normal?
       Eu venho pensando sobre tudo isso e mais um monte de coisas que tenho medo de falar à respeito. Não sei se consigo conviver com isso por muito tempo. Toda essa desconfiança em mim mesma, essa insegurança que ninguém percebe que existe, essa timidez que duvidam, os segredos que me cercam. Eu não sei mais conviver comigo mesma. Isso se tornou tão difícil que evito me olhar no espelho, mas ninguém vê. Ninguém sabe. Nem quer saber.
       Acho que eu nem me importo mais se minhas dores de cabeça forem algo mais grave, ou se meus pulmões simplesmente pararem de funcionar, ou se minhas sensações forem alucinações e delírios. Eu não me importo mais se tudo isso for um sintoma, ou até mesmo um efeito colateral. Eu quero que se dane tudo isso. E que eu me dane junto.