quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Desconexão

       Um cérebro desconectado faz coisas que o ser humano duvida. Os relatos de alguém que sente isso na pele, ou melhor, por baixo da pele e do crânio, podem ajudar alguém. Talvez um dia. O que é melhor: se identificar com a Alice, ou descobrir que o que têm em comum é um cérebro danificado? Nenhuma das opções são válidas no mundo real. Porque a Alice não existe e porque a que supostamente existiu precisou ter a história encoberta. Isso não é boa semelhança. É, no mínimo, perturbador.
       Você já sentiu que não tinha mais nenhuma opção? Já sentiu que não aguentaria seu próprio futuro? Já sentiu que talvez você nem tivesse um futuro? Isso é tão precoce de se pensar. É tão realista e ilusório também. Tão amedrontador.
       Quando uma palavra te machuca e o silêncio te corrói não há mais escolhas. Não há o que te fortaleça. Quando tudo à sua volta te faz mal, mesmo que sem querer, nada te deixa ser verdadeira. Porque nesse momento o que você mais quer é esconder de todos as suas fraquezas  que, vá, são muitas.
       Esqueçam a parte sonhadora e foquem nos pesadelos da Alice real. Porque o que é real, é palpável, porém, discutível. A ficção tem pontos de vista e não uma realidade. O problema é que, diferente da ficção, a realidade dói. Esqueçam as palavras e o silêncio, pois já não restou mais nada que não faça doer.
       Às vezes eu sinto que já terminei minha passagem pelo mundo. Sinto que já não preciso mais continuar. Será que é tão ridículo assim pensar que sua vida já venceu o prazo de validade? Mas afinal, o que é esse prazo? E como você sabe que ele venceu? Será que é quando você começa a desistir de si? Ou será que é quando você desiste de vez?

"All the monsters are human."
- American Horror Story: Asylum

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